Pesquisar este blog

terça-feira, 13 de julho de 2010

Historieta 03 - Trazendo novas idéias!

Amigos e amigas internautas aqui estamos nós para mais uma revista sensacional que faz parte da história dos quadrinhos nacionais! Muitas pessoas têm me escrito agradecendo o que estou fazendo aqui e fico feliz por isso, pois não tinha idéia da necessidade que as pessoas tinham das informações que estou compartilhando aqui! Espero não decepcioná-los futuramente! Também estou atendentedo a um pedido de alguns amigos que reclamaram do tamanho da postagem, e por isso estou dividindo a postagem em duas partes! Mas um aviso: como terei mais espaço, talvez acabe falando mais do que deveria! Então, sem mais, vamos a ela: Historieta 03!


Como em toda revista que lemos, comecemos pela capa. Aliás, u
ma bela capa assinada por Aparecido Cocolete que se firmava como um excelente colaborador de Historieta, para alegria dos leitores, pois era dono de uma bela arte e possuia um "sotrytelling" muito bom. Aqui temos elementos que acho primordiais em uma capa: ação e foco no personagem principal, no caso aqui, BRIGADA DAS SELVAS e KENAUA, que, como veremos mais adiante, eram a melhor novidade da revista.
O expediente da revista informava a data da publicação: Agosto de 1980,
e o editorial nos informava as alterações no conteúdo da revista entre as quais, não constava ainda a segunda parte de "A História dos Quadrinhos", ou seja, continuávamos sem saber as desventuras do Carequinha e do Hugo. Paciência, o editorial prometia que na edição nº 04 veríamos a sequencia da história. Também era anunciado que não teríamos Hq do Homem-Justo, prometido para retornar às páginas de Historieta na edição nº 05. Os leitores eram informados sobre a aquisição de números atrasados na Livraria Coletânea ou pelos correios, na caixa postal da revista. Também era informado que todas as histórias da edição estavam no "formato Historieta", com exceção de uma, a qual falaremos mais adiante. Vamos então ao conteúdo da revista, pois sei que deve estar ansioso, meu amigo!
A primeira história da revista, conforme anunciado no editorial, era de autoria dos mesmos autores de "Homem-Justo" e "A História dos Quadrinhos", ou seja, Ailton Elias e Oscar Kern. Obser
vando a primeira página da história vemos que a "Brigada das Selvas" era criação de Ailton Elias, o qual também desenhava e o texto e o roteiro eram do nosso saudoso Oscar. História excelente da qual ouso arriscar dizer que teve forte influencia dos Fumetti, dos quais sei que era o Oscar um grande apreciador. Os desenhos de Elias aqui me trazem à lembrança quase que imediatamente Fernando Fusco, desenhista de Tex Willer. Se há influencia eu não sei, mas dá um charme especial à história! Uma leitura gostosa que flui naturalmente e nos apresenta a saga de KENAUA, filho de um gaúcho com uma índia de uma tribo não especificada na história. Portanto aqui ficamos sem saber a que tribo Kenaua pertencia, embora este seja um nome de Origem Tupi, que significa "dançarino". Kenaua, que fôra educado na "civilização" e ficara órfão de pai após o mesmo ser atropelado por um motorista bêbado, está no cotidiano de sua aldeia quando um grupo de estranhos se apresenta com o pretexto de querer trocar presentes. Apesar de não conseguirem enganar Kenaua, os Bandidos dominam a tribo com armas de fogo e ferem seu avô para em seguida, três dias depois levarem todos os índios para trabalharem como escravos em minas, provavelmente de ouro. Como Kenaua não se dobra aos bandidos, estes resolvem amarrá-lo a um tronco e deixá-lo para morrer afogado ou de fome, e é aí que se dá o encontro do índio com a BRIGADA DAS SELVAS, criada para "proteger uma das mais ricas regiões do Brasil contra a ventureiros, piratas modernos, contrabandistas, espiões e toda gama de aproveitadores do esforço alheio, inclusive quanto a aspectos ecológicos", segundo palavras do próprio Kern na Hq.
A Brigada das Selvas era na verdade o 5º Destacamento da Brigada Militar na Região Amazônica, cujo principal grupo de ação era o P.O.E - Pelotão de Operação Especial comandado pelo Capitão Paulo Nunes Brasil. Além do Capitão, apenas mais dois personagens são chamados pelo nome: o Doutor Costa, médico civil da Brigada e o Sargento Moura, um dos dois P.O.E que encontraram Kenaua amarrado ao tronco e descendo rio abaixo.
Após sua recuperação, Kenaua se oferece para fazer parte da Brigada, alegando seu treinamento militar no Rio Grande do Sul e seu deslocamento em relação aos seus irmãos de aldeia e ac
aba sendo aceito e participando das buscas para encontrar sua tribo que ainda se encontrava em poder dos bandidos. Após algumas tentativas inúteis, um comentário casual coloca Kenaua na pista certa e ele encontra o local onde seus irmãos estão. Ele vai sozinho e consegue penetrar no acampamento dos bandidos e ainda liberta seus irmãos. No final é promovido a Cabo da Brigada. Caso alguém se interesse, essa história pode ser lida na íntegra no site da Nona Arte, clicando aqui! É uma história sensacional que merece ser lida com muito carinho. Digo isso porque geralmente os autores nacionais são duramente criticados e muitas pessoas não lêem determinadas histórias por puro preconceito. Se analisarmos o texto e roteiro dessa história, veremos quão rica em nuances ela é! Prova indelével do talento brasileiro de escrever histórias em quadrinhos! Vale a pena! Passemos, então, à seção seguinte!
A seção "Gente de HQ" vem, desta feita, em uma única parte e nos apresenta o trabalho de Decio Dalke e Gil Kipper com a revista "Beto e a Turma do Esporte", com um slogan que se mostra muito importante também para os dias de hoje, onde vemos cada vez mais crianças e adolescentes presos em fren te a computadores e videogames, entregues ao sedentarismo infantil: "Criança que estuda e pratica esporte, desenvolve o corpo e a mente". Com certeza um quadrinho educativo com personagens interessantes de se ver, como CEBÊ DURÃO, BOA PINTA e os MALANDROS DO BECO. A revista, publicada pela "Dalke Editora e Public idade" era colorida e bimestral, no mesmo formato das revistas Xuxá e Pequeno Scheriff, revistas publicadas pela editora Vecchi nos anos 50. No desenho podemos ver todos os personagens e retratos desenhados dos autores.
Em seguida temos Canini mais uma vez com suas colagens desta vez satirizando o Batman. "Bat-Mal e Bobin, o Pivete-Prodígio "
é o título da seção, onde "Bobin" (na verdade o Comissário Gordon com uma máscara de Robin desenhada sobre o original) só aparece memso no final. Dos nove, oito quadros satirizam o Batman nas mais diversas formas, deste um desmaio ao ver um morcego de verdade, passando pelo roubo da Bat-Corda, exibicionismo de botas novas, dança de xaxado, capa feita em Itu, limite de velocidade, acorrentado por falar mal de Historieta e ver mulher descendo dos ônibus. Divertidíssimas as cenas em que Canini dá seu show de humor. Destaque para o Capitão Marvel no início da seção avisando que só está de passagem!
E para fechar esta postagem, Historieta apresentava um novo talento em suas páginas, do qual sabemos apenas o primeiro nome: Gustavo. A proposta da história de Gustavo era a de contar uma história diferente que começava e terminava sem sabermos o título. O argumento para tal fato era o de que quando um grupo se reúne para contar histórias não põe títulos nelas, simplesmente começa a contar. Bom, falando como leitor, não é um argumento que me convence,
afinal uma coisa é contar entre amigos, outra é publicar em uma revisa, mas enfim, vamos à história, na qual temos desenhos confusos e imprecisos, lembrando, por vezes arte rupestre, principalmente e relação à anatomia. Trata-se da história do povo de TUPAC, um centauro que lidera seus semelhantes em uma fuga de homens opressores até que resolvem enfrentá-los mesmo sabedores da impossibilidade da vitória. Ao fim do sangrento combate, apenas Tupac sobrevive entre aliados e inimigos mortos e afasta-se daquele lugar de morte para recrutar mais soldados para novas batalhas contra seus opressores. O texto é bem escrito, o autor filosofa sobre a liberdade e o preço a se pagar por ela. Talvez desenhada por outro artista fosse mais interessante, mas a mim, como leitor não agradou, embora, mais uma vez reconheça que o texto da história é muito bem escrito e temos a certeza de que foi pensado e refletido.
Por enquanto é só, pessoal, breve darei continuidade ao material de Historieta 3, qua ainda traz uma entrevista com C.C. Beck, o criador do CAPITÃO MARVEL, mais duas Hqs de faroeste, Páginas de Ouro, Cartas e Mercado e Fichas de personagens que não figuraram no livro "O Mundo dos Quadrinhos".

Aguarde, amante da HQB!

2 comentários:

Milson Marins disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Milson Marins disse...

Excelente. A Brigada da Selva devia voltar a ser desenhada, já que temos uma luta contemporânea (atual) de preservação da nossa Amazônia. Dá muito pano para mangas. Essa de satirizar o Batman, foi legal. Me lembra que na Prismarte nº na década de 90 publicamos algo parecido na na estréias de Amaro Camarajipe de Marcelo Schmitz.
A memória do quadrinhos nacional ajuda-nos no futuro.