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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Historieta 03 - Parte 2

Saudações, amantes da Nona Arte, portadores do quadrinho na veia


Quero mais uma vez agradecer a receptividade do blog, que foi muito além do que eu poderia esperar! Fico realmente feliz em ver que estão curtindo o material apresentado aqui!

E vamos ao que interessa!

Continuando do ponto de onde paramos no post passado, nos despedimos de Gustavo Nakle e Tupac e passamos a frequentar as "Páginas de Ouro das HQ" conduzidos pelo nosso anfitrião Jorge Barwinkel.
Aqui ele nos dá mais uma aula sobre a revista O GURI, que fazia o sonho da criançada publicando aventuras maravilhosas de personagens sensacionais. Informações importantissimas estão contidas aqui. O trabalho de Barwinkel é com certeza leitura obrigatória para quem deseja saber mais sobre o período em que todos nós que amamos quadrinhos gostaríamos de ter existido para conhecer estas preciosidades! Por exemplo, só pra atiçar a curiosidade do amigo leitor, somos informados que em 1944 "O Guri" passou a ter 100 páginas, sendo vinte delas em cores. Era a época em que os efeitos da guerra atingiam as Histórias em Quadrinhos, fazendo com que O Guri chegasse a ter apenas 68 páginas, graças ao racionamento de papel gerado por ela. Esse era o lado que não gostaríamos de ter vivido daquela época, pois eram racionados também o açúcar e a farinha, e o pão dava lugar à polenta, assim como a energia elétrica e a gasolina eram respectivamente substituidas por lampiões e pelo gasogênio. Barwinkel então com 11 anos atravessara essa fase e conhecera estas revistas, tinha muito o que falar delas! Para ele 1944 a 1948 foram os melhores anos de O GURI.
Personagens e autores nacionais desfilavam pelas páginas da saudo
sa revista, como José Geraldo , Peri Jacob e Péricles, este último autor de O AMIGO DA ONÇA, PIXILINGA e OLIVEIRA, as duas últimas enfocando a malandragem brasileira. O GAÚCHO também era um dos personagens nacionais que passearam pela revista.
Em 15 de Março de 1945 estreava na revista a MISS AMÉRICA. Não a que a Ebal batizou de Miss América, que na verdade era a Mulher Maravilha, mas a verdadeira Miss América, que mais tarde seria definitivamente integrada à cronologia da Marvel Comics como esposa de
Ciclone, pai adotivo da Feiticeira Escarlate.
Diversos personagens estamparam as páginas de O GURI e uma curiosidade: Os Invasores foram publicados na revista e uma lista dos membros do grupo aparece em um anúncio prometendo o lançamento para Dezembro de 1947, a saber: Tocha Humana (o original), Centelha, Capitão América, Buck (isso mesmo,
sem o "Y"), Principe Submarino (Namor), Miss América (a original, claro) e JOEL Ciclone. Os decenautas de plantão sabem que Joel Ciclone é o nome que foi dado ao Flash da DC (na época National) original (Jay Garrick), que depois passou a pertencer à Terra Paralela, e o nome original do Ciclone da Marvel é "WHIZZER", então, como explicar essa inserção do nome "Joel" ao Ciclone? De acordo com Barwinkel, um erro no anúncio!
Os amigos me perdoem, não dá pra falar tudo aqui, por mais que eu queira, pois são muitas coisas legais nessas páginas de Ouro que o Barwinkel nos deixou de legado! E QUE legado! Mas há algo que não quero deixar de frisar sobre esta seção, que é informação de que houve um concurso para a escolha de um Slogan para a revista, lançado em 15 de março de 1947 e encerrado em 30 de maio do mesmo ano. O slogan vencedor foi: "DO OYAPOQUE AO CHUÍ TODOS LÊEM O GURI"! Puxa! Sensacional!

Canini vem a seguir, com uma questão intrigante: "Se não foi o Marconi!, entãoquem foi?". Ao longo de 9 quadrinhos com diferentes personagens surpreendendo-se ou constatando que não foi mesmo o Marconi o primeiro a ter a idéia sa invenção do aparelho de rádio. Dados históricos, comprovam a tese de que o padre Leonel de Moura, vigário da Igreja do Rosário, havia projetado um aparelho de rádio muito antes que Marconi publicasse sua idéia, embora tal projeto apresentado ao governador do Rio Grande do Sul na época o senhor Borges de Medeiros, não pudesse ser levado adiante por falta de verbas, fazendo com que o Brasil perdesse a oportunidade de ser o país que inventou o rádio. Historieta é História!
Na cidade de San Esteban, México, Aparecido Cocolete nos apresenta Pedro Ramires, um homem comum que passou
cinco anos preso por um crime que não cometeu e encontra a rejeição do povo de sua cidade, inclusive da mulher que ele ama, Lolita, que agora ama outro homem. Seu antigo emprego não está mais disponível e não consegue um novo. Por fim, quando a sorte lhe sorri nos jogos de cartas, um derrotado insatisfeito saca a arma e decide matá-lo, mas acaba morto. A única sorte de Pedro Ramires é a presença do Xerife no local que não o prende, mas expulsa-o da cidade, e assim Pedro Ramires torna-se um andarilho em busca do seu destino. Uma história comovente, um faroeste com apenas um tiro. Muito bem dado. Esta história chamada ESTIGMA é a única que não está no formato Historieta.
"Cartas & Mercado traz
mais um show à parte, com colecionadores e leitores disponibilizando revistas para venda ou troca, outros informando desejos de aquisição. Leitores como José Jefferson Barbosa de Aquino, coordenador brasileiro do fanzine norte-americano "The Whiz Kids", que declarava ser o número 2 de Historieta insuperável a longo prazo, expressavam diversos tipos de opinão na seção que ganhava ares de polêmica, pois no caso de S. Miguel (aquele que escrachou os super-heróis na seção de cartas de Historieta 2, lembram?) "A Vingança" e "A Maleta" por serem respectivamente de 1972 e 1967 cheiravam a refugo; aliás, S. Miguel já começava sua carta detonando a capa da edição 2 de Historieta justamente por ela apresentar o Homem-Justo, além de taxar o desenho de Tiago Barbosa de "antiquado" e sugerir a diminuição de "Cartas & Mercado" e, pasmem, "Páginas de Ouro das Hq"! Vale aqui destacar a resposta que lhe dão, de maneira clara e sucinta: "...quando se edita HQ's estrangeiras produzidas há alguns anos, a gente está apresentando material inédito; se são brasileiras, é refugo..." Pois é, esse perrengue é antigo, meus amigos! Em contrapartida, Athos Eichler Cardoso foi mais brando, elogiando os pontos positivos, como o formato, a história do Inspetor Bíceps e elevando "Páginas de Ouro" a Carro-Chefe da revista. O próprio Oscar Kern figura nas páginas de Cartas & Mercado solicitando a revista portuguesa semana "Tintin". Itamar Fernandes elogiava o Homem-Justo e Sérgio Penha fazia-lhe côro, discordando do fato apontado de que os heróis fantásticos estariam saturados. Alberto Luiz Martinazzo apontava os erros de português existentes na revista e os erros de continuidade da arma do mexicano na história vingança. Humildemente o pesosal da Historieta acatou as observações, publicou-as e pediu desculpas aos leitores! E aqui nos despedimos desta seção para falar de um assunto sério.
Eu disse sério? Bem, em se tratando de Canini não havia assunto sério em historieta e em sete quadrinhos de colagens diversas ele alertava para os males do cigarro e usava John Wayne como exemplo.
Hoje eu vou ficando por aqui, já falei demais, embora ainda quisesse falar mais um tantinho... Na próxima e última postagem sobre Historieta 3, a entrevista com C. C. Beck, criador do Capitão Marvel, a HQ Big Lee, de Hartur, e "Mundo dos Quadrinhos".
Um grande abraço a todos e até a próxima!

2 comentários:

klutz disse...

Belo blog, parabéns!

Deus que te abençoe!

Luiz Alberto Machado disse...

Maravilha! Tudo muito demais por aqu, parabens. Indicarei nas minhas páginas. Aguarde.
Abração
www.luizalbertomachado.com.br