Aqui nós vemos um agradável bate papo com uma lenda dos quadrinhos que deixou-nos um legado que resiste até os dias de hoje aos trancos e barrancos, o que é uma pena, pois o CAPITÃO MARVEL e a não menos sensacional FAMÍLIA MARVEL são personagens que fizeram a alegria de muitas pessoas por muitos e muitos anos! Sim, estamos falando de C.C. (Charles Clarence) Beck, que nesta entrevista nos dá uma idéia de como se desenrolavam as coisas no mercado norte-americano de quadrinhos nos áureos tempos! De acordo com a revista, a entrevista foi concedida ESPECIALMENTE para Historieta por intermédio de José Jefferson Barbosa de Aquino, tendo sido realizada por Paul Hamerlinck. As tiras que ilustravam a entrevistas eram, de acordo com a revista todas inéditas.
Beck começa a entrevista respondendo sobre seu método para desenhar e explica que chegava a desenhar a mesma cena uma dúzia de vezes ou mais até ficar satisfeito com o resulado final e só aí partia para o nanquim, ressaltando que seu público não merecia "garatujas". A cabeça do Capitão Marvel, por exemplo, levava uma hora ou mais para concluir e declarava que jamais teria condições de competir com a rapidez de Jack Kirby. Beck também nos avisa hoje que desde aquela época já haviam editores que esqueciam o primordial fator de se ter em mãos uma boa história. Imagine só, naquele tempo em que as histórias eram tão legais já se falava disso! Imagina o que o velho Charles Clarence diria hoje com tanta "Crise" e "Guerra" nos quadrinhos de super heróis? De acordo com ele de nada adiantava um belo trabalho artístico, muita ação, belos cenários e um argumento pífio. E ele ainda diz que as hqs em 1979 continuavam tão ruins quanto em 1938...
Prosseguindo em suas alfinetadas, ele afirmava que a Natinal Periodics (DC Comics) conseguia a proeza de arruinar todas as coisas boas que conseguiu controlar, entre elas o Super-Homem de Siegel e Shuster quando os substituiu. Suas alfinetadas também acertavam a Republic Pictures, produtora da série SAHAZAM a qual, segundo ele "produziram porcarias".
Beck tinha 29 anos quando Whiz Comics foi lançada e afirma que, (como todos nós sabemos) o Capitão Marvel não era uma paródia do Superman, uma vez que suas histórias eram sérias mas com um leve toque de humor. Revoltava-se pelo fato de a DC ter transformado o Capitão Marvel em um "Palhaço". Falava da exploração absurda que era feita a argumentistas, desenhistas e atores de fotonovelas para tentar alcançar o sucesso que Tarzan, Hopalong Cassidy, Capitão Marvel, Tarzan e outros fizeram. O resultado foi desastroso. O alvo das agulhadas de Beck? A Fawcett Comics, tempos após sua saida da mesma! MacRaboy, contudo, recebia grandes elogios de Beck.
Hamerlinck retoma um gancho da primeira resposta de Beck sobre Jack Kirby e pergunta sobre o que ele não apreciaria na arte do mesmo. Beck por sua vez não alfineta diretamente Kirby, mas aqueles que imitavam o seu estilo, acusando-o assim de ser um influenciador nefasto como Michelângelo. De acordo com Beck, os imitadores de Kirby "são os artistas jovens que desenham seus personagens com um enorme punho cerrado e outro menor, e esses heróis são vistos lutando até mesmo contra a própria sombra ou arremessando os punhos cerrados ao invés de fazerem algo com alguma utilidade." Ele ainda volta à DC para narrar o quanto esta massacrou Jerry Siegel, Joe Shuter, Jack Kirby e Otto Binder, o qual, segundo Beck, "trataram-no como a um vira-latas". Informa que GIl Kane acusou a DC de estar mecanizando as Hqs e tornando-as sem personalidade. De acordo com Beck "Stan Lee é o único que está fazendo alguma coisa excelente e sem copiar idéias alheias". É, titio Stan tem moral, meu amigo! A mágoa de Beck com a DC era tão grande que ele dizia que a DC não sabia fazer nada!
Beck atribui a culpa do fracasso de FATMAN, THE HUMAN FLYING SAUCER ao fato de a Lightning Comics, que publicava a revista, não ter distribuidor, e revela o martírio de todo autor: não tinha consigo cópias de seus trabalhos publicados. Ainda previa um futuro não muito bom para quem trabalhava na área dos quadrinhos.
Há muita informação na entrevista com o velho Charles Clarence e se fossemos relatar tudo aqui, certamente se fariam postagens homéricas só com o conteúdo da mesma! Mas antes de dar tchau pro velho Beck, gostaria de destacar mais duas coisas desta entrevista: a indignação dele ao falar sobre o julgamento da causa DC X Fawcett, onde ele acusa de incompetencia desde o juiz até o meirinho; a outra é a mensagem final que ele deixa para os artistas: "Minha convicção é que eles têm todo o talento que nós poderíamos ter com cinco anos. Nós somos como os músicos. Gastamos o resto de nossas vidas aprendendo o que fazer com o nosso talento. E isto é tudo. Nossa luta nunca termina." Tire suas próprias conclusões, caro amante da Nona Arte! E enquanto reflete sobre isto, monte no seu cavalo e afivele o cinturão...
Uma historia de faroeste no formato Historieta. O título da HQ em questão é BIG LEE, personagem central da história. Um certo fã de quadrinhos e cartunista na época, tomando conhecimento da Historieta, foi até o local onde o Oscar trabalhava (provavelmente no INSS) e lá fez amizade com o mesmo, chegando até a conhecer a residencia, onde havia uma biblioteca imensa que ele teve o prazer de contemplar! Ele apresentou ao Oscar esta história onde Big Lee está cuidado da sua vida quando recebe a notícia de que seu amigo Mister Howard foi baleado. Chegando à residencia de Mister Howard, este lhe entrega a tarefa de levar Tom, o filho de Howard, ao encontro de seu irmão James, pois Ness Logan, o homem que o ferira também ameaçara matar seu filho. Após algum tempo de cavalgada encontam John Tork, um delegado federal, quando são atacados por índios. Abro aqui um parentesis para ressaltar mais uma vez, como vimos anteriormente em Historieta 2, que os índios são chamados também de "renegados" ao ínvés de apenas índos... Voltando À nossa história, os índios baleam John Tork, mas Big Lee consegue rechaçá-los e ele e Tom o levam para um vilarejo próximo, onde, após se recuperar, John Tork mata o xerife local e se revela na verdade Ness Logan, que acaba sendo morto em duelo por Big Lee. O autor da história assina texto e arte como Hartur. E Hartur era pseudônimo na época de ninguém menos que Arthur Filho da Editora Opção 2 que publica a revista "Billy The Kid e Outras Histórias"! Curiosidades da vida!
Fechando a Edição, temos as fichas de mais dois personagens que não entraram no cânon do livro "O Mundo dos Quadrinhos": desta vez o duplamente homenageado era Emir Ribeiro, pois eram apresentados respectivamente ITABIRA, o chefe dos índios Tabajaras em 1690 e VELTA que, nesta época ainda era chamada de WELTA, ambos publicados na revista 10-ABAFO de autoria do próprio Emir. À época da publicação das fichas, 10-Abafo alcançava a marca de seis edições. Havia ainda o endereço para quem quisesse adquirir a revista com o Emir.
Eu li, eu gostei!
É isso, pessoal, aqui termina o meu pequeno resumo sobre Historieta nº 3. A próxima postagem abordará a Historieta 4, número de páginas maior, mais autores e o capítulo final de "A História dos Quadrinhos"!
Vejo vocês em breve!
Beck começa a entrevista respondendo sobre seu método para desenhar e explica que chegava a desenhar a mesma cena uma dúzia de vezes ou mais até ficar satisfeito com o resulado final e só aí partia para o nanquim, ressaltando que seu público não merecia "garatujas". A cabeça do Capitão Marvel, por exemplo, levava uma hora ou mais para concluir e declarava que jamais teria condições de competir com a rapidez de Jack Kirby. Beck também nos avisa hoje que desde aquela época já haviam editores que esqueciam o primordial fator de se ter em mãos uma boa história. Imagine só, naquele tempo em que as histórias eram tão legais já se falava disso! Imagina o que o velho Charles Clarence diria hoje com tanta "Crise" e "Guerra" nos quadrinhos de super heróis? De acordo com ele de nada adiantava um belo trabalho artístico, muita ação, belos cenários e um argumento pífio. E ele ainda diz que as hqs em 1979 continuavam tão ruins quanto em 1938...
Prosseguindo em suas alfinetadas, ele afirmava que a Natinal Periodics (DC Comics) conseguia a proeza de arruinar todas as coisas boas que conseguiu controlar, entre elas o Super-Homem de Siegel e Shuster quando os substituiu. Suas alfinetadas também acertavam a Republic Pictures, produtora da série SAHAZAM a qual, segundo ele "produziram porcarias".
Beck tinha 29 anos quando Whiz Comics foi lançada e afirma que, (como todos nós sabemos) o Capitão Marvel não era uma paródia do Superman, uma vez que suas histórias eram sérias mas com um leve toque de humor. Revoltava-se pelo fato de a DC ter transformado o Capitão Marvel em um "Palhaço". Falava da exploração absurda que era feita a argumentistas, desenhistas e atores de fotonovelas para tentar alcançar o sucesso que Tarzan, Hopalong Cassidy, Capitão Marvel, Tarzan e outros fizeram. O resultado foi desastroso. O alvo das agulhadas de Beck? A Fawcett Comics, tempos após sua saida da mesma! MacRaboy, contudo, recebia grandes elogios de Beck.
Hamerlinck retoma um gancho da primeira resposta de Beck sobre Jack Kirby e pergunta sobre o que ele não apreciaria na arte do mesmo. Beck por sua vez não alfineta diretamente Kirby, mas aqueles que imitavam o seu estilo, acusando-o assim de ser um influenciador nefasto como Michelângelo. De acordo com Beck, os imitadores de Kirby "são os artistas jovens que desenham seus personagens com um enorme punho cerrado e outro menor, e esses heróis são vistos lutando até mesmo contra a própria sombra ou arremessando os punhos cerrados ao invés de fazerem algo com alguma utilidade." Ele ainda volta à DC para narrar o quanto esta massacrou Jerry Siegel, Joe Shuter, Jack Kirby e Otto Binder, o qual, segundo Beck, "trataram-no como a um vira-latas". Informa que GIl Kane acusou a DC de estar mecanizando as Hqs e tornando-as sem personalidade. De acordo com Beck "Stan Lee é o único que está fazendo alguma coisa excelente e sem copiar idéias alheias". É, titio Stan tem moral, meu amigo! A mágoa de Beck com a DC era tão grande que ele dizia que a DC não sabia fazer nada!
Beck atribui a culpa do fracasso de FATMAN, THE HUMAN FLYING SAUCER ao fato de a Lightning Comics, que publicava a revista, não ter distribuidor, e revela o martírio de todo autor: não tinha consigo cópias de seus trabalhos publicados. Ainda previa um futuro não muito bom para quem trabalhava na área dos quadrinhos.
Há muita informação na entrevista com o velho Charles Clarence e se fossemos relatar tudo aqui, certamente se fariam postagens homéricas só com o conteúdo da mesma! Mas antes de dar tchau pro velho Beck, gostaria de destacar mais duas coisas desta entrevista: a indignação dele ao falar sobre o julgamento da causa DC X Fawcett, onde ele acusa de incompetencia desde o juiz até o meirinho; a outra é a mensagem final que ele deixa para os artistas: "Minha convicção é que eles têm todo o talento que nós poderíamos ter com cinco anos. Nós somos como os músicos. Gastamos o resto de nossas vidas aprendendo o que fazer com o nosso talento. E isto é tudo. Nossa luta nunca termina." Tire suas próprias conclusões, caro amante da Nona Arte! E enquanto reflete sobre isto, monte no seu cavalo e afivele o cinturão...
Uma historia de faroeste no formato Historieta. O título da HQ em questão é BIG LEE, personagem central da história. Um certo fã de quadrinhos e cartunista na época, tomando conhecimento da Historieta, foi até o local onde o Oscar trabalhava (provavelmente no INSS) e lá fez amizade com o mesmo, chegando até a conhecer a residencia, onde havia uma biblioteca imensa que ele teve o prazer de contemplar! Ele apresentou ao Oscar esta história onde Big Lee está cuidado da sua vida quando recebe a notícia de que seu amigo Mister Howard foi baleado. Chegando à residencia de Mister Howard, este lhe entrega a tarefa de levar Tom, o filho de Howard, ao encontro de seu irmão James, pois Ness Logan, o homem que o ferira também ameaçara matar seu filho. Após algum tempo de cavalgada encontam John Tork, um delegado federal, quando são atacados por índios. Abro aqui um parentesis para ressaltar mais uma vez, como vimos anteriormente em Historieta 2, que os índios são chamados também de "renegados" ao ínvés de apenas índos... Voltando À nossa história, os índios baleam John Tork, mas Big Lee consegue rechaçá-los e ele e Tom o levam para um vilarejo próximo, onde, após se recuperar, John Tork mata o xerife local e se revela na verdade Ness Logan, que acaba sendo morto em duelo por Big Lee. O autor da história assina texto e arte como Hartur. E Hartur era pseudônimo na época de ninguém menos que Arthur Filho da Editora Opção 2 que publica a revista "Billy The Kid e Outras Histórias"! Curiosidades da vida!
Fechando a Edição, temos as fichas de mais dois personagens que não entraram no cânon do livro "O Mundo dos Quadrinhos": desta vez o duplamente homenageado era Emir Ribeiro, pois eram apresentados respectivamente ITABIRA, o chefe dos índios Tabajaras em 1690 e VELTA que, nesta época ainda era chamada de WELTA, ambos publicados na revista 10-ABAFO de autoria do próprio Emir. À época da publicação das fichas, 10-Abafo alcançava a marca de seis edições. Havia ainda o endereço para quem quisesse adquirir a revista com o Emir.
Eu li, eu gostei!
É isso, pessoal, aqui termina o meu pequeno resumo sobre Historieta nº 3. A próxima postagem abordará a Historieta 4, número de páginas maior, mais autores e o capítulo final de "A História dos Quadrinhos"!
Vejo vocês em breve!